Anti-semitismo e nacional-socialismo
[*]
Moishe
Postone
Qual
a relação do anti-semitismo com o nacional-socialismo? A discussão pública
deste problema na República Federal [Alemã] tem sido caracterizada por uma
dicotomia entre liberais e conservadores, por um lado, e a Esquerda, por outro.
Os liberais e os conservadores tendem a realçar a descontinuidade entre o
passado Nazi e o presente. Ao referir-se a esse passado eles têm focado a sua
atenção na perseguição e extermínio dos judeus e tendem a diminuir a
importância [deemphasize] de outros
aspectos centrais do Nazismo. Ao sublinhar o carácter de uma suposta ruptura
total entre o Terceiro Reich e a República Federal, este tipo de ênfase no
anti-semitismo tem ajudado, paradoxalmente, a evitar uma confrontação
fundamental com a realidade social e estrutural do nacional-socialismo. Essa
realidade não desapareceu certamente por completo em 1945. A condenação do
anti-semitismo Nazi, por outras palavras, tem servido também como uma ideologia
de legitimação do presente sistema. Esta instrumentalização apenas foi possível
porque o anti-semitismo tem sido tratado primariamente como uma forma de
preconceito [prejudice], enquanto
ideologia de um “bode expiatório” [scapegoat
ideology], ofuscando assim a relação intrínseca entre o anti-semitismo e os
outros aspectos do nacional-socialismo.
Por
outro lado, a Esquerda tende a concentrar-se na função do nacional-socialismo
para o capitalismo, realçando a destruição das organizações operárias [working-class], as políticas económicas
e sociais Nazis, o rearmamento, o expansionismo e os mecanismos burocráticos da
dominação do partido e do Estado. Os elementos de continuidade entre o Terceiro
Reich e a República Federal têm sido salientados. O extermínio dos judeus não
tem sido, é claro, ignorado. Todavia, foi rapidamente subordinado [subsumed under] às categorias gerais de
preconceito, discriminação e perseguição. Ao entender o anti-semitismo como um
momento periférico, ao invés de central, do nacional-socialismo, a Esquerda
ofuscou também a relação intrínseca entre os dois.
Ambas
as posições entendem o anti-semitismo moderno como um preconceito anti-judaico,
como um exemplo particular do racismo em geral. A sua ênfase na natureza
psicológica de massas [mass psychological]
do anti-semitismo separa as considerações sobre o Holocausto das investigações
socioeconómicas e sócio-históricas do nacional-socialismo. O Holocausto,
contudo, não pode ser compreendido enquanto o anti-semitismo for visto como um
exemplo do racismo em geral e enquanto o Nazismo for concebido apenas em termos
do grande capital e de um estado burocrático policial e terrorista. Auschwitz,
Belzec, Chelmno, Maidanek, Sobibor e Treblinka não devem ser tratados fora do
contexto [framework] de uma análise do
nacional-socialismo. Eles representam um dos seus fins lógicos, e não apenas o
seu mais terrível epifenómeno. Nenhuma análise do nacional-socialismo que não
seja capaz de explicar o extermínio dos Judeus Europeus pode ser considerada
completamente adequada.
Neste
ensaio vou tentar acercar-me de uma explicação para o extermínio dos Judeus
Europeus através da exposição de uma interpretação do anti-semitismo moderno. A
minha intenção não é explicar porque é que o Nazismo e o anti-semitismo moderno
sofreram um desenvolvimento notável [achieved
a breakthrough] e se tornaram hegemónicos na Alemanha. Uma tal tentativa
implicaria uma análise da especificidade do desenvolvimento histórico Alemão,
um assunto sobre o qual muita coisa já foi escrita. Este ensaio procura, antes,
determinar mais rigorosamente aquilo que se desenvolveu [achieved a breakthrough], ao sugerir uma análise do anti-semitismo
moderno que salienta a sua ligação intrínseca ao Nacional-socialismo. Esta
aferição é uma pré-condição necessária para qualquer análise substantiva das
razões para o sucesso do nacional-socialismo na Alemanha.
O
primeiro passo deve consistir numa especificação do Holocausto e do
anti-semitismo moderno. O problema não deve ser colocado quantitativamente,
quer em termos do número de pessoas assassinadas ou do grau do sofrimento
infligido. Existem muitos exemplos históricos de assassínio de massas e de
genocídio (por exemplo, foram mortos muitos mais russos do que judeus pelos
Nazis). A questão é, ao invés, uma de especificidade qualitativa. Aspectos
particulares do extermínio dos Judeus Europeus pelos Nazis permanecem
inexplicáveis enquanto o anti-semitismo for tratado como o exemplo específico
de uma estratégia de “bode expiatório”, cujas vítimas poderiam muito bem ter sido
membros de um qualquer outro grupo.
O
Holocausto foi caracterizado por um sentido de missão ideológica, por uma
relativa ausência de emoção e ódio imediatos (ao contrário dos pogroms, por
exemplo) e, mais importante, por uma aparente ausência de funcionalidade. O
extermínio dos Judeus não parece ter sido um meio para qualquer fim. Eles não
foram exterminados por razões militares ou no decurso de um processo violento
de aquisição de território (como foi o caso com os Índios Americanos e os
Tasmanianos). Nem a política [policy]
Nazi relativamente aos Judeus se assemelhou à sua política relativamente aos
Polacos e aos Russos, que procurou erradicar aqueles segmentos da população
cuja resistência se poderia cristalizar, de modo a explorar a restante
população mais facilmente como hilotas. Com efeito, os Judeus não foram
exterminados devido a qualquer objectivo manifesto “extrínseco”. O extermínio
dos Judeus deveria ter sido não apenas total, como constituía o seu próprio
objectivo – o extermínio pelo extermínio – um objectivo que adquiriu prioridade
absoluta.
Nenhuma
explicação funcionalista do Holocausto e nenhuma teoria do anti-semitismo como
bode expiatório pode sequer começar a explicar o porquê de, nos últimos anos da
guerra, quando as forças Alemãs estavam a ser esmagadas pelo Exército Vermelho,
uma proporção significativa de veículos ter sido desviada do apoio logístico e
utilizada para transportar os Judeus para as câmaras de gás. Uma vez
reconhecida a especificidade qualitativa do extermínio dos Judeus Europeus,
torna-se claro que as tentativas de explicação ligadas ao capitalismo, ao
racismo, à burocracia, à repressão sexual ou à personalidade autoritária permanecem
num nível demasiado geral. A especificidade do Holocausto requer uma mediação
muito mais determinada de forma a aproximarmo-nos do seu entendimento.
O
extermínio dos Judeus Europeus está, como é óbvio, relacionado com o
anti-semitismo. A especificidade do primeiro deve ser relacionada com a do
segundo. Para além disso, o anti-semitismo moderno deve ser entendido com
referência ao Nazismo enquanto um movimento – um movimento que, em termos da
sua própria auto-compreensão, representou uma revolta.
O
anti-semitismo moderno, que não deve ser confundido com um preconceito anti-judaico
quotidiano, é uma ideologia, uma forma de pensamento, que emergiu na Europa no
final do século XIX. O seu surgimento pressupôs formas anteriores de
anti-semitismo, as quais tinham sido uma parte integrante da civilização Cristã
Ocidental durante séculos. Aquilo que é comum a todas as formas de
anti-semitismo é o grau de poder atribuído aos Judeus: o poder para matar Deus,
para desencadear a Peste Bubónica e, mais recentemente, para introduzir o
capitalismo e o socialismo. O pensamento anti-semita é fortemente maniqueísta,
com os Judeus a desempenharem o papel de filhos das trevas.
É
não apenas o grau, mas também a qualidade do poder atribuído aos Judeus que
distingue o anti-semitismo de outras formas de racismo. Provavelmente, todas as
formas de racismo atribuem um poder potencial ao Outro. Este poder, contudo, é
usualmente concreto, material ou sexual. É o potencial do oprimido (enquanto
reprimido), dos “Untermenschen” (“sub-humanos”). O poder atribuído aos Judeus é
muito maior e é percebido como real [actual]
ao invés de potencial. Para além do mais, é um tipo diferente de poder, um não
necessariamente concreto. O que caracteriza o poder imputado aos Judeus no
anti-semitismo moderno é o facto de ser misteriosamente intangível, abstracto e
universal. É considerado como uma forma de poder que não se manifesta
directamente, mas deve encontrar outro modo de expressão. Procura um suporte
concreto - politico, social ou cultural - mediante o qual possa funcionar. Em
virtude do poder dos Judeus, tal como é concebido pela imaginação anti-semita
moderna, não estar limitado [bound]
concretamente, “enraizado” [rooted],
é presumido como sendo de uma imensidão desconcertante e extremamente difícil
de contrariar. Considera-se que está por detrás dos fenómenos, mas não é
idêntico aos mesmos. A sua fonte é portanto considerada oculta – conspiratória.
Os Judeus representam uma conspiração internacional extremamente poderosa e
intangível.
Um
exemplo gráfico desta visão é providenciado por um poster Nazi que ilustra a
Alemanha – representada como um trabalhador forte e honesto – ameaçada a Oeste
por um John Bull [NT1] gordo e plutocrata, e a Leste por um Comissário
Bolchevique brutal e bárbaro. Todavia, estas duas forças hostis são meros
fantoches. Elevando-se acima do globo, e a manietá-los, está o Judeu. Esta
visão não era de forma alguma um monopólio dos Nazis. É característica do
anti-semitismo moderno que os Judeus sejam considerados a força que se esconde
por detrás dos antagonistas “aparentes”: o capitalismo plutocrata e o
socialismo. O “Judaísmo Internacional” é, para além disso, percebido como
estando centrado nas “selvas de asfalto” das megalópoles urbanas emergentes,
por detrás da “cultura moderna, vulgar e materialista” e, em geral, de todas as
forças que contribuem para o declínio dos grupos sociais, valores e
instituições tradicionais. Os Judeus representam uma força estrangeira [foreign], perigosa e destrutiva que mina
a “saúde” social da nação. O anti-semitismo moderno, portanto, é caracterizado
não apenas pelo seu conteúdo secular, mas também pelo seu carácter sistemático.
A sua pretensão é a de explicar o mundo – um mundo que se tornou rapidamente
demasiado complexo e ameaçador para muitas pessoas.
Esta
determinação descritiva do anti-semitismo moderno, embora necessária para
diferenciar essa forma do preconceito ou racismo em geral, não é suficiente em
si mesma para indicar a ligação intrínseca ao nacional-socialismo. Ou seja, o
objectivo de ultrapassar a separação habitual entre uma análise sócio-histórica
do Nazismo e um exame do anti-semitismo ainda não está, a este nível, cumprido.
Ainda é requerida uma explicação que possa mediar ambas. Essa explicação deve
ser capaz de fundamentar historicamente a forma de anti-semitismo descrita
anteriormente através das mesmas categorias que poderiam ser utilizadas para
explicar o nacional-socialismo. A minha intenção não é negar as explicações
socio-psicológicas ou psicanalíticas, mas antes elucidar um quadro de
referência histórico-epistemológico dentro do qual possam ser efectuadas
especificações psicológicas mais aprofundadas. Esse quadro de referência deve
ser capaz de elucidar o conteúdo específico do anti-semitismo moderno e ser
histórico, isto é, deve contribuir para um entendimento de porque é que essa
ideologia se tornou tão prevalecente num dado momento, desde o final do século
XIX. Na ausência de tal quadro de referência, todas as outras tentativas
explicativas que se centram numa dimensão subjectiva permanecem historicamente
indeterminadas. O que é necessário, portanto, é uma explicação em termos de uma
epistemologia sócio-histórica.
O
desenvolvimento completo da problemática do anti-semitismo extravasaria os
limites deste ensaio. Deve ser realçado, contudo, que uma análise cuidadosa da
visão de mundo [worldview] proposta
pelo anti-semitismo moderno revela que se trata de uma forma de pensamento na
qual o rápido desenvolvimento do capitalismo industrial, com todas as suas
ramificações sociais, é personificado e identificado com o Judeu. Os Judeus já não
são considerados meramente os possuidores do dinheiro, como sucedia no
anti-semitismo tradicional, mas antes responsabilizados pelas crises económicas
e identificados com o espectro de reestruturação e desarticulação sociais
resultantes de uma rápida industrialização: urbanização explosiva, declínio das
classes e estratos sociais tradicionais, surgimento de um grande proletariado
industrial cada vez mais organizado, e assim por diante. Por outras palavras, a
dominação abstracta do capital, a qual – particularmente com a rápida
industrialização – apanhou as pessoas numa rede de forças dinâmicas que não
podiam compreender, passou a ser percebida como o domínio do Judaísmo
Internacional.
Isto,
todavia, não corresponde a mais do que uma primeira abordagem. A personificação
foi descrita, mas não ainda explicada. Já existiram muitas tentativas de
explicação mas nenhuma delas, em minha opinião, se revelou completa. O problema
com essas teorias, tais como a de Max Horkheimer, que se concentram na
identificação dos Judeus com o dinheiro e a esfera da circulação, é que elas
não conseguem explicar a noção de que os Judeus também constituem o poder por
trás da social-democracia e do comunismo. À primeira vista, outras teorias,
tais como a de George L. Mosse, que interpretam o anti-semitismo moderno como
uma revolta contra a modernidade, parecem mais satisfatórias. Tanto a plutocracia
como os movimentos operários foram concomitantes da modernidade, da massiva
reestruturação social resultante da industrialização capitalista. O problema
com estas abordagens, contudo, é que o “moderno” teria de incluir certamente o
capital industrial. Ora, como é sabido, o capital industrial nunca foi um
objecto dos ataques anti-semitas, mesmo num período de rápida industrialização.
Para além do mais, a atitude do nacional-socialismo relativamente a muitas
outras dimensões da modernidade, especialmente no que se refere à tecnologia
moderna, foi afirmativa ao invés de crítica. Os aspectos da vida moderna que
foram rejeitados e aqueles que foram afirmados pelos nacional-socialistas
formam um padrão. Esse padrão deve ser intrínseco a uma adequada conceptualização
do problema. Dado que esse padrão não era exclusivo do nacional-socialismo, a
problemática possui um significado de longo alcance.
A
afirmação do capital industrial por parte do anti-semitismo moderno indica a
necessidade de uma abordagem que consiga distinguir entre aquilo que o
capitalismo moderno realmente é e a forma como se manifesta, entre a sua
essência e a sua aparência. O termo “moderno” não possui em si mesmo uma diferenciação
intrínseca que permita tal distinção. Gostaria de sugerir que as categorias
sociais desenvolvidas por Marx na sua crítica da maturidade, tais como
“mercadoria” e “capital”, são mais adequadas, na medida em que um conjunto de
distinções entre aquilo que é e aquilo que parece ser são intrínsecas a essas
mesmas categorias. Estas categorias podem servir como ponto de partida para uma
análise capaz de diferenciar as várias percepções do “moderno”. Essa abordagem
tentaria relacionar o padrão da crítica social e a afirmação que estamos a
considerar com características das próprias relações sociais capitalistas.
Estas
considerações conduzem-nos ao conceito Marxiano de fetiche, cuja intenção
estratégica era providenciar uma teoria social e histórica do conhecimento
alicerçada na diferença entre a essência das relações sociais capitalistas e as
suas formas manifestas. Subjacente ao conceito de fetiche está a análise
Marxiana da mercadoria, do dinheiro e do capital, não enquanto meras categorias
económicas, mas antes como formas das relações sociais peculiares que caracterizam
essencialmente o capitalismo. Na sua análise, as formas capitalistas das
relações sociais não aparecem como tal, mas expressam-se apenas numa forma
objectivada. O trabalho [labor], no
capitalismo, não é apenas uma actividade produtiva social (“trabalho
concreto”), mas actua igualmente, no lugar de relações sociais abertas, como
mediação social (“trabalho abstracto”). Assim, o seu produto, a mercadoria, não
é meramente um produto no qual está objectivado trabalho concreto; é também uma
forma de relações sociais objectivadas. No capitalismo, o produto não é um
objecto mediado socialmente por formas transparentes de relações sociais e de
dominação. A mercadoria, enquanto objectivação de ambas as dimensões do
trabalho no capitalismo, é a sua própria mediação social. Possui, portanto, um
“duplo carácter”: valor de uso e valor. Enquanto objecto, a mercadoria expressa
e ao mesmo tempo oculta relações sociais que não possuem qualquer outro modo
“independente” de expressão. Este modo de objectivação das relações sociais
constitui a sua alienação. As relações sociais fundamentais do capitalismo
adquirem uma vida própria quasi-objectiva. Elas constituem uma “segunda
natureza”, um sistema de dominação e compulsão abstractas que, embora social, é
impessoal e “objectivo”. Estas relações não parecem ser sociais de todo, mas
naturais. Ao mesmo tempo, as formas categoriais expressam uma concepção
particular, socialmente constituída, da natureza em termos de um comportamento
objectivo, regrado [lawful] e
quantificável de uma essência qualitativamente homogénea. As categorias
Marxianas expressam simultaneamente relações sociais particulares e formas de
pensamento. A noção de fetiche refere-se a formas de pensamento baseadas em
percepções que permanecem presas às formas de aparência das relações sociais
capitalistas.
Quando
se examina as características específicas do poder atribuído aos Judeus pelo
anti-semitismo moderno – abstracção, intangibilidade, universalidade,
mobilidade – é impressionante que as mesmas sejam todas características da
dimensão de valor das formas sociais analisada por Marx. Aliás, esta dimensão,
tal como o suposto poder dos Judeus, não aparece como tal, mas sempre na forma
de um veículo [carrier] material, a
mercadoria.
Chegados
aqui, gostaria de começar por uma análise breve da maneira como as relações
sociais capitalistas se apresentam. Vou portanto tentar explicar a
personificação descrita acima e clarificar o porquê de o anti-semitismo
moderno, que se opôs a tantos aspectos da “modernidade”, ser manifestamente
omisso, ou até optimista, no que se refere ao capital industrial e à tecnologia
moderna.
Vou
começar com um exemplo da forma-mercadoria. A tensão dialéctica entre valor e
valor de uso no interior da forma-mercadoria requer que este “duplo carácter”
seja exteriorizado materialmente. Assim, aparece “duplicado” enquanto dinheiro
(a forma manifesta do valor) e enquanto mercadoria (a forma manifesta do valor
de uso). Embora a mercadoria seja uma forma social que expressa tanto o valor
como o valor de uso, o efeito desta exteriorização é que a mercadoria aparece
apenas como a sua dimensão de valor de uso, como algo puramente material e
“corpóreo” [“thingly”]. O dinheiro,
por outro lado, aparece como o único repositório do valor, como a manifestação
do puramente abstracto, e não como a forma manifesta exteriorizada da dimensão
de valor da própria mercadoria. A forma das relações sociais materializadas
específicas ao capitalismo aparece neste nível de análise como a oposição entre
o dinheiro, a natureza abstracta, e a natureza “corpórea”.
Um
aspecto do fetiche, portanto, é o facto de as relações sociais capitalistas não
aparecerem como tal e, para além disso, apresentarem-se antinomicamente, como
oposição entre o abstracto e o concreto. Dado que, adicionalmente, ambos os
lados da antinomia são objectivados, cada um deles parece ser quasi-natural. A
dimensão abstracta aparece sob a forma de leis naturais abstractas,
“objectivas” e universais; a dimensão concreta aparece como uma natureza
puramente “corpórea”. A estrutura das relações sociais alienadas que
caracterizam o capitalismo possui a forma de uma antinomia quasi-natural, na
qual o social e o histórico não aparecem. A antinomia é recapitulada com a
oposição entre as formas de pensamento positivistas e românticas. A maior parte
das análises críticas do pensamento fetichizado tem-se concentrado naquela
corrente [strand] da antinomia que
hipostasia o abstracto como trans-histórico – o chamado pensamento positivo
burguês – e, portanto, mascara o carácter social e histórico das relações
existentes. Neste ensaio, vai ser realçada a outra corrente – aquela que inclui
as formas de romantismo e revolta que, nos termos da sua auto-compreensão, são
anti-burguesas, mas que na realidade hipostasiam o concreto e, portanto,
permanecem reféns da antinomia produzida pelas relações sociais capitalistas.
As
formas de pensamento anti-capitalista que continuam presas ao imediatismo [immediacy] desta antinomia tendem a
perceber o capitalismo, e tudo aquilo que é específico a essa formação social,
apenas em termos das manifestações da dimensão abstracta da antinomia; assim,
por exemplo, o dinheiro é considerado a “raiz de todo o mal”. A existência da dimensão
concreta é-lhe então positivamente oposta como o “natural” ou ontologicamente
humano, que presumivelmente se situa para além da especificidade da sociedade
capitalista. Deste modo, tal como sucede com Proudhon, por exemplo, o trabalho
concreto é compreendido como um momento anti-capitalista por oposição à
abstracção do dinheiro. O facto de o próprio trabalho concreto incorporar e ser
materialmente formado pelas relações sociais capitalistas não é compreendido.
Com
o desenvolvimento posterior do capitalismo, da forma capital e do fetiche que
lhe está associado, a naturalização imanente ao fetiche da mercadoria adquire
novas dimensões. A forma capital, tal como a forma mercadoria, é caracterizada
pela relação antinómica entre o concreto e o abstracto, ambos aparecendo como
algo de natural. A qualidade de “natural”, contudo, é diferente. Associada ao
fetiche da mercadoria está a noção do carácter de legalidade [lawlike], em última análise, das
relações entre unidades individuais autónomas [self-contained], tal como são expressas, por exemplo, pela economia
política clássica ou pela teoria da lei natural. O capital, de acordo com Marx,
é o valor que se auto-valoriza. É caracterizado por um processo contínuo,
incessante, de auto-expansão do valor. Este processo submete-se a ciclos
rápidos, em grande escala, de produção e consumo, criação e destruição. O
capital não possui uma forma definitiva, mas aparece em diferentes etapas do
seu percurso em espiral quer sob a forma de dinheiro, quer sob a forma de
mercadorias. Enquanto valor que se auto-valoriza, o capital aparece como
processo puro. A sua dimensão concreta muda em conformidade. Os trabalhos
individuais já não constituem unidades independentes. Eles tornam-se cada vez
mais componentes celulares de um enorme sistema dinâmico e complexo que engloba
as pessoas e as máquinas e que está direccionado para um fim, nomeadamente, a
produção pela produção. Esta totalidade social alienada torna-se maior do que a
soma dos seus indivíduos constituintes e possui um fim externo a si mesma. Esse
fim é um processo não finito. A forma capital das relações sociais tem um
carácter cego, processual, quasi-orgânico.
Com
a crescente consolidação da forma capital, a visão de mundo mecanicista dos
séculos XVII e XVIII começa a ceder; um processo orgânico começa a suplantar a
estase mecânica enquanto forma do fetiche. A teoria orgânica do Estado e a
proliferação de teorias raciais e a ascensão do Darwinismo Social no final do
século XIX são exemplos desta tendência. A sociedade e o processo histórico são
cada vez mais compreendidos em termos biológicos. Não vou desenvolver mais este
aspecto do fetiche do capital. Para o que nos interessa, o que deve ser notado
são as implicações da maneira como o capital é apreendido. Como indicámos
anteriormente, no nível lógico da análise da mercadoria, o “duplo carácter”
permite à mercadoria aparecer como uma entidade puramente material e não como a
objectivação de relações sociais mediadas. De um modo semelhante, permite ao
trabalho concreto aparecer como um processo puramente criativo, material,
separável das relações sociais capitalistas. No plano lógico do capital, o
“duplo carácter” (processo de trabalho e processo de valorização) permite que a
produção industrial apareça como um processo puramente criativo, material,
separável do capital. A forma manifesta do concreto é agora mais orgânica. O
capital industrial pode portanto aparecer como o descendente linear do trabalho
artesanal “natural”, como estando “enraizado organicamente”, por oposição ao
capital financeiro “desenraizado” e “parasitário”. A organização do primeiro
aparece relacionada com aquela da guilda; o seu contexto social é apreendido
como uma unidade orgânica superior [superordinate]:
Comunidade [Gemeinschaft], Povo [Volk], Raça. O próprio capital – ou
aquilo que é entendido como o aspecto negativo do capitalismo – é entendido
apenas em termos da forma manifesta da sua dimensão abstracta: a finança e o
capital que rende juros. Neste sentido, a interpretação biológica, que
contrapõe a dimensão concreta (do capitalismo), como “natural” e “saudável”, à
negatividade do que é assumido ser o “capitalismo”, não contradiz a
glorificação do capital industrial e da tecnologia. Ambos constituem o lado
“corpóreo” da antinomia.
Esta
relação é normalmente mal compreendida. Norman Mailer, por exemplo, defendendo
o neo-romantismo (e o sexismo) em O Prisioneiro
do Sexo, escreve que Hitler falava de sangue, é certo, mas construiu a
máquina. A questão é que, nesta forma de “anti-capitalismo” fetichizado, tanto
o sangue como a máquina são vistos como os contra-princípios concretos do
abstracto. A ênfase positiva na “natureza”, no sangue, no solo, no trabalho
concreto e na Comunidade [Gemeinschaft],
pode facilmente ser acompanhada por uma glorificação da tecnologia e do capital
industrial. Esta forma de pensamento, portanto, não deve ser entendida como anacrónica,
como a expressão de uma não-sincronismo histórico, da mesma maneira que a
ascensão das teorias raciais no final do século XIX não deve ser encarada como
atávica. Trata-se, historicamente, de novas formas de pensamento que não
representam de modo algum a reemergência de uma forma mais antiga. É por causa
da sua ênfase na natureza biológica que elas parecem ser atávicas ou
anacrónicas. Todavia, esta ênfase está ela mesma enraizada no fetiche do capital.
A viragem para a biologia e o desejo de um regresso às “origens naturais”,
combinados com uma afirmação da tecnologia, que aparecem em muitas formas no
início do século XX, devem ser entendidos como expressões do fetiche antinómico
que dá origem à noção de que o concreto é “natural”, e que apresenta crescentemente
o socialmente “natural” de tal maneira que é apreendido em termos biológicos.
A
hipostasiação do concreto e a identificação do capital com o abstracto
manifesto subjaz a uma forma de “anti-capitalismo” que procura superar a ordem
social existente de um ponto de vista que, na verdade, permanece imanente a
essa mesma ordem. Na medida em que esse ponto de vista é a dimensão concreta,
esta ideologia tende a apontar para uma forma de síntese social capitalista
aberta, mais concreta e organizada. Esta forma de “anti-capitalismo”, portanto,
apenas parece ser um olhar saudosista
em relação ao passado. Enquanto expressão do fetiche do capital, o seu
verdadeiro impulso [thrust] é para a
frente. Surge na transição do capitalismo liberal para o burocrático e torna-se
virulenta numa situação de crise estrutural.
Esta
forma de “anti-capitalismo”, então, é baseada num ataque unilateral ao
abstracto. O abstracto e o concreto não são vistos como constituintes de uma
antinomia em que a superação real do abstracto – da dimensão do valor – envolve
a superação histórica da própria antinomia, assim como de cada um dos seus
termos. Ao invés, existe um ataque unilateral à razão abstracta, ou, num outro
nível, ao dinheiro e ao capital financeiro. Neste sentido, é complementarmente
antinómica ao pensamento liberal, onde a dominação abstracta permanece
incontestada e a distinção entre a razão crítica e positiva não é efectuada.
O
ataque “anti-capitalista”, contudo, não permaneceu limitado a um ataque contra
a abstracção. Ao nível do fetiche do capital, não é apenas o lado concreto da
antinomia que pode ser naturalizado e biologizado. A dimensão abstracta
manifesta foi igualmente biologizada – equiparada aos Judeus. A oposição
fetichista entre o material concreto e o abstracto, entre o “natural” e o
“artificial”, traduziu-se na oposição racial entre ao Arianos e os Judeus
historicamente conhecida. O anti-semitismo moderno envolve a biologização do
capitalismo – que apenas é entendido em termos da sua dimensão abstracta
manifesta – enquanto Judaísmo Internacional.
De
acordo com esta interpretação, os Judeus foram identificados não apenas com o
dinheiro, com a esfera da circulação, mas com o próprio capitalismo. Todavia,
em virtude da sua forma fetichizada, o capitalismo não parecia incluir a
indústria e a tecnologia. O capitalismo aparecia apenas como a sua dimensão
abstracta manifesta que, por sua vez, era responsável pelas vastas mudanças
sociais e culturais concretas associadas ao rápido desenvolvimento do
capitalismo industrial moderno. Os Judeus não eram encarados como meros
representantes do capital (situação em que os ataques anti-semitas teriam sido
muito mais específicos em termos de classe). Eles tornaram-se personificações
do domínio intangível, destrutivo, imensamente poderoso e internacional do
capital enquanto forma social alienada. Certas formas de descontentamento
anti-capitalista foram direccionadas contra a dimensão abstracta manifesta do
capital personificado na forma dos Judeus, não em virtude de os Judeus serem
conscientemente identificados com a dimensão do valor, mas porque, dada a
antinomia entre as dimensões abstracta e concreta, o capitalismo aparecia-lhes
dessa maneira. A revolta “anti-capitalista” foi, consequentemente, também uma
revolta contra os Judeus. A superação do capitalismo e dos seus efeitos sociais
negativos foi associada à superação dos Judeus.
Embora
a ligação imanente entre o tipo de “anti-capitalismo” que caracterizou o
nacional-socialismo e o anti-semitismo moderno tenha sido indicada, permanece a
questão do porquê de a interpretação biológica da dimensão abstracta do
capitalismo se ter centrado nos Judeus. Esta “escolha” não foi, no contexto
Europeu, de modo algum fortuita. Os Judeus não poderiam ter sido substituídos
por qualquer outro grupo. As razões para isso são múltiplas. A longa história
de anti-semitismo na Europa e a respectiva associação dos Judeus ao dinheiro
são bem conhecidas. O período de rápida expansão do capital industrial no último
terço do século XIX coincidiu com a emancipação política e cívica [civil] dos Judeus na Europa central.
Assistiu-se a uma verdadeira proliferação [explosion]
dos Judeus nas universidades, nas profissões liberais, no jornalismo, nas
artes, no comércio a retalho. Os Judeus tornaram-se rapidamente visíveis na
sociedade civil, particularmente em esferas e profissões que estavam em plena
expansão e eram associadas à nova forma que a sociedade estava a tomar.
Poderiam
ser mencionados muitos outros factores, mas há um que pretendo realçar. Tal
como a mercadoria, entendida enquanto forma social, expressa o seu “duplo
carácter” na oposição exteriorizada entre o abstracto (dinheiro) e o concreto
(mercadoria), também a sociedade burguesa é caracterizada pela divisão entre
Estado e sociedade civil. Para o indivíduo, essa divisão expressa-se como uma
entre o indivíduo como cidadão e o indivíduo como pessoa. Como cidadão, o
indivíduo é abstracto tal como é expresso, por exemplo, na noção de igualdade
perante a lei (abstracta), ou no princípio de “uma pessoa, um voto”. Como
pessoa, o indivíduo é concreto, inserido [embedded]
em relações de classe reais que são consideradas “privadas”, isto é,
pertencentes à sociedade civil e que não possuem qualquer expressão política.
Na Europa, contudo, a noção da nação enquanto entidade puramente política,
abstraída da substancialidade da sociedade civil, nunca foi plenamente
realizada. A nação não era apenas uma entidade política, era igualmente
concreta, determinada por uma língua, história, tradições e religião comuns.
Neste sentido, o único grupo na Europa que cumpria a determinação da cidadania
enquanto abstracção puramente política eram os Judeus, no seguimento da sua
emancipação política. Eles eram cidadãos Alemães ou Franceses, mas não eram
realmente Alemães ou Franceses. Eles pertenciam à nação abstractamente, mas
raramente em concreto. Eles eram, para além disso, cidadãos da maioria dos
países Europeus. A qualidade de abstracção, característica não apenas da
dimensão do valor no seu imediatismo [immediacy],
mas também, mediatamente, do Estado e lei burgueses, tornou-se intimamente
associada aos Judeus. Num período em que o concreto era glorificado por
oposição ao abstracto, contra o “capitalismo” e o Estado burguês, esta tornou-se
uma associação fatal. Os Judeus eram desenraizados, internacionais e
abstractos.
O
anti-semitismo moderno, portanto, é uma forma de fetiche particularmente
perniciosa. O seu poder e perigosidade resultam da sua visão de mundo
abrangente que explica e dá forma a certos modos de descontentamento
anti-capitalista de uma maneira que deixa o capitalismo incólume, ao atacar as
personificações da forma social. O anti-semitismo, assim entendido, permite-nos
apreender um momento essencial do Nazismo como um movimento anti-capitalista
reduzido [foreshortened], um
movimento caracterizado pelo ódio ao abstracto, pela hipostasiação do concreto
existente e por uma missão resoluta [single-minded]
e impiedosa, mas não necessariamente alimentada pelo ódio [hate-filled]: livrar o mundo da fonte de todo o mal.
O
extermínio dos Judeus Europeus é o sinal de que é demasiado simplista tratar o
Nazismo como um movimento de massas com traços anti-capitalistas que deixaria
cair essa pele, o mais tardar, em 1934 (“Röhm Putsch”) [NT2], uma vez servidos
os seus propósitos e conquistado o poder Estatal. Em primeiro lugar, as formas
ideológicas de pensamento não são simples manipulações conscientes. Em segundo
lugar, esta visão não compreende a natureza do “anti-capitalismo” Nazi – o grau
[extent] em que estava
intrinsecamente ligado à visão de mundo anti-semita. Auschwitz ilustra essa
ligação. É verdade que o “anti-capitalismo” demasiadamente concreto e plebeu
das SA [NT3] foi eliminado em 1934; o mesmo não sucedeu, contudo, com o impulso
anti-semita – o “conhecimento” de que a fonte de todo o mal era o abstracto, o
Judeu.
Uma
fábrica capitalista é o local onde é produzido o valor, algo que “infelizmente”
tem de assumir a forma de uma produção de bens, de valores de uso. O concreto é
produzido enquanto suporte necessário do abstracto. Os campos de extermínio não
eram uma versão terrível dessa fábrica, mas, ao invés, devem ser vistos como a
sua negação grotesca, Ariana, “anti-capitalista”. Auschwitz era uma fábrica
para “destruir o valor”, isto é, para destruir as personificações do abstracto.
A sua organização correspondia a um processo industrial demoníaco [fiendish], cujo objectivo era “libertar”
o concreto do abstracto. O primeiro passo consistiu em desumanizar, ou seja,
arrancar a “máscara” de humanidade, de especificidade qualitativa, e revelar os
Judeus como aquilo que “realmente são” – sombras, cifras, abstracções numéricas.
O segundo passo consistiu em erradicar essa abstracção, transformá-la em
cinzas, procurando durante o processo despojá-la dos traços remanescentes do
“valor de uso” material concreto: roupas, ouro, cabelo, sabão.
Auschwitz,
e não a conquista do poder pelos Nazis em 1933, foi a verdadeira “Revolução
Alemã”, a tentativa de “derrubar”, não apenas a ordem política, mas a formação
social existente. Através desse empreendimento o mundo ficaria a salvo da
tirania do abstracto. Durante este processo, os Nazis “libertaram-se” da
humanidade.
Os
Nazis perderam a guerra contra a União Soviética, EUA e Grã-Bretanha. Eles
ganharam a sua guerra, a sua “revolução”, contra os Judeus Europeus. Eles foram
bem sucedidos não apenas no assassinato de seis milhões de crianças, mulheres e
homens judeus. Eles foram bem sucedidos na destruição de uma cultura – uma
cultura bastante antiga – a do Judaísmo Europeu. Era uma cultura caracterizada
por uma tradição que incorporava uma tensão complicada entre particularidade e
universalidade. Esta tensão interna era duplicada numa tensão externa, que
caracterizava a relação dos Judeus com o ambiente Cristão circundante. Os
Judeus nunca formaram uma parte completamente integrante das sociedades em que
viviam, nem viveram nunca completamente aparte dessas sociedades. Os resultados
desta situação foram frequentemente desastrosos para os Judeus. Por vezes
revelaram-se frutuosos. Este campo de tensão sedimentou-se na maior parte dos
indivíduos Judeus após a sua emancipação. A derradeira resolução desta tensão
entre particular e universal é, na tradição Judaica, uma função do tempo, da
história – da vinda do Messias. Talvez, contudo, em face da secularização e
assimilação, os Judeus Europeus tivessem ultrapassado [given up] essa tensão. Talvez a sua cultura tivesse desaparecido
gradualmente enquanto tradição viva, antes de uma resolução entre particular e
universal ser alcançada. Esta questão nunca será respondida.
Notas
[NT1] – “John
Bull” – personificação nacional da Grã-Bretanha criada originalmente por John
Arbuthnot
[NT2] – “Röhm
Putsch” – Também conhecido por “Noite das Facas Longas” ou “Noite dos Longos
Punhais”, foi uma purga que aconteceu na Alemanha, na noite do dia 30 de Junho para
o dia 1 de Julho de 1934, quando o Partido Nazi decidiu executar dezenas dos
seus membros, a maioria dos quais pertencentes à chamada “Sturmabteilung” (SA),
uma facção paramilitar liderada por Ernst Röhm. A ocasião foi também
aproveitada para perseguir comunistas e sociais-democratas, assim como
conservadores olhados com desconfiança.
[NT3] – Vide
Nota do Tradutor nº 2.
[*] Texto original: Postone, Moishe (1986),
“Anti-Semitism and National Socialism”, in A. Rabinbach & J. Zipes (eds.), Germans and Jews since the Holocaust. New
York: Holmes and Meier, pp. 302-314. O original em inglês é uma versão revista
de: Postone, Moishe (1982), “Die Logik des Antisemitismus”, in Merkur, No.1.
Tradução: Nuno
Miguel Cardoso Machado (nuno.cocas.machado@gmail.com),
Bolseiro de Investigação no SOCIUS – Centro de Investigação em Sociologia
Económica e das Organizações, Lisboa. Setembro/2011